É um facto. Tenho viajado muito por este mundo. Provávelmente somando todos os 35 000 pés que atingi até hoje, chegaria ao nosso lunar satélite. Ao contrário do que se poderia esperar , no início foi um processo difícil. Um par de dias antes de embarcar e já sentia os efeitos adversos da viagem. Psicossomáticamente alterado lá ía entrando nos aviões.
Suores frios, falta de apetite, pavor , pânico. Um sacrifício que só terminava quando regressava a terra.
Passaram-se meses. Passaram-se anos, até que conheci o Johnnie.
Johnnie era conversador. No início só falava ele.Começavamos na sala de embarque.Eu ouvia. Ouvia as suas histórias. Ele conhecia o mundo inteiro. Fazia jus ao nome: O caminhador!!! Afinal desde 1820 que passeava por esse mundo fora. Eu lá lhe ia dizendo o pavor que tinha de voar. Quando ele acabava era eu que começava a falar. Muito!!! E sozinho!!!
Companheiro este Johnnie.
Os anos foram passando. As viagens continuando, e o Johnnie foi deixando de aparecer. Confesso que não fui sentindo falta. Ele ensinou-me a ocupar o tempo. A ler, a escrever e a ouvir música.
Sábio este Johnnie.
Graças a ele , hoje, aprecio uma (ás vezes) boa refeição a bordo, não ligo peva à demonstração de normas de segurança, e disfruto da sensacional sensação de descolagen sem agarrar mão alheia.
Talvez por em tão curto espaço de tempo (4 semanas) ter atingido o somatório de 280 000 pés (estou quase a chegar a Andrómeda), senti a falta de Johnnie. Não por necessidade ...mas por saudade!
Nesta última para Cape Town não aguentei e pedi para chamar o meu amigo:
"Can i have a Johnnie Walker on the rocks please???"
Aos bons velhos tempos Johnnie!!!!
(MISS HOME...)
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Keep walking!
ResponderEliminarPara Andrómeda... you definitely must keep walking... Too far away! Bem me lembro e nem queria acreditar!
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